“Eu queria ter uma família, fazer parte de uma família. Tenho medo de ficar sozinho minha vida inteira”, desabafa João Pedro (nome fictício), 17 anos, acolhido em uma instituição de Contagem por meio do Programa de Apadrinhamento Laços e Traços, desenvolvido pela Prefeitura de Contagem. Criado a partir da reflexão sobre o artigo 19 do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), o programa assegura o direito de toda criança e adolescente a viver em família e comunidade. A iniciativa prevê três formas de participação da sociedade: apadrinhamento afetivo, provedor e prestador de serviços, possibilitando que pessoas com perfil altruísta contribuem de diferentes maneiras com o desenvolvimento de quem vive nas instituições de acolhimento.
Segundo a diretora da Proteção Social Especial de Alta Complexidade, Cristina Reis, o programa tem papel essencial na formação emocional e social dos acolhidos. “O apadrinhamento é fundamental para ampliar a rede afetiva, sobretudo entre aqueles que não têm perspectiva de retorno familiar. Ele promove vínculos que favorecem o desenvolvimento da autoestima, segurança e pertencimento, combatendo sentimentos de abandono e solidão. O programa não substitui a família de origem, mas complementa a rede de apoio e contribui para a concretização do direito à convivência familiar e comunitária”, destaca.
Para a coordenadora da Casa Aconchego, Tânia Reis, o Laços e Traços representa uma oportunidade concreta de transformação. “Proporcionar ao adolescente o direito ao convívio familiar e comunitário é uma estratégia de suporte material e emocional. O programa amplia a rede afetiva dos acolhidos, sobretudo para aqueles com poucas chances de retorno familiar ou colocação em família substituta. Ele fortalece a autonomia, os laços sociais e o senso de pertencimento”, explica.
O apadrinhamento afetivo permite visitas e convivência regular com a criança ou adolescente, especialmente em finais de semana, feriados e férias escolares. Já o apadrinhamento provedor possibilita apoio financeiro ou material, e o prestador de serviços envolve o compartilhamento de conhecimentos ou especialidades profissionais, como aulas, oficinas ou atendimentos técnicos e de saúde.
Como participar do programa
Podem participar do programa pessoas maiores de 21 anos que não estejam inscritas nos cadastros de adoção e que atendam aos requisitos exigidos. O processo de cadastramento é realizado na Central de Acompanhamento ao Apadrinhamento, com entrevistas, entrega de documentação e análise técnica, seguida de avaliação pela Vara da Infância e Juventude da Comarca de Contagem.
Interessados em se tornar padrinhos ou madrinhas devem agendar uma entrevista pelo telefone (31) 3353-6903 ou pelo e-mail apadrinhamentocontagem@gmail.com., e apresentar os documentos exigidos pela secretaria.